Raul Seixas e sua Infância

Raul Seixas teve em sua infância um maior contato e assimilação do rock and roll já que era vizinho e amigo de filhos de famílias americanas que trabalhavam para o consulado americano na Bahia, o que facilitou o seu interesse pela língua inglesa e pelo rock americano.

"Quando eu era guri, lá na Bahia, música para mim era uma coisa secundária. O que me preocupava mesmo eram os problemas da vida e da morte, o problema do homem, de onde vim, para onde vou (...)"

A vasta biblioteca de seu pai era seu brinquedo favorito. E foi daí que veio o gosto pela palavra e a miopia precoce. Vivia trancado no quarto devorando o “Livro dos Porquês” do “Tesouro da Juventude”. Sendo assim, as histórias que lia na biblioteca fermentavam sua imaginação e, com os cadernos do colégio, fazia desenhos, criava personagens, enredos, para depois vender ao irmão quatro anos mais novo, que acabava ficando interessado e comprava os esboços. Melô (algo como "amalucado") era o personagem central de suas histórias, um cientista louco que viajava no tempo com figuras históricas, que viajava para diversos lugares imáginarios como o Nada, o Tudo, Vírgula Xis Ao Cubo, Oceanos de Cores, Deus e o Diabo. Segundo Raul, Melô era sua "outra parte, a que buscava as respostas, o eu fantástico, viajando fora da lógica em uma maquinazinha em que só cabia um só passageiro... Melô-eu.

Sendo assim, as histórias que lia na biblioteca fermentavam sua imaginação e, com os cadernos do colégio, fazia desenhos, criava personagens, enredos, para depois vender ao irmão quatro anos mais novo, que acabava ficando interessado e comprava os esboços.15 Segundo Raul, um dos personagens principais dessas histórias era um cientista maluco chamado "Mêlo" (algo como "amalucado"),

"Eu estava muito preocupado com a filosofia sem o saber (isto é, eu não sabia que era filosofia aquilo que eu pensava). Tinha mania de pensar que eu era maluco e ninguém queria me dizer. Gostava de ficar sozinho. Pensando. Horas e horas. Meu mundo interior é, e sempre foi, muito rico e intenso. Por isso o mundo exterior naquela época não me interessava muito. Eu criava o meu.”

No ano de 1954, Raul ganhou seu primeiro violão, presente dos pais, ao qual, a princípio, ele não deu muita importância. Porém, pouco a pouco, foi dedilhando e, sozinho, aprendeu a tocar algumas músicas, acabando por se apaixonar pela novidade.

“Eu ouvia os discos de Elvis Presley até estragar os sulcos. O rock era como uma chave que abriria minhas portas que viviam fechadas. Usava camisa vermelha, gola virada para cima. As mães não deixavam as filhinhas chegarem perto de mim porque eu era torto como o James Dean. Olhava de lado, com jeito de durão. Cada vez que eu cumprimentava uma pessoa dava três giros em torno do próprio corpo. Eu era o próprio rock. Eu era Elvis quando andava e penteava o topete. Eu era alvo de risos, gracinhas, claro. Eu tinha assumido uma maneira de vestir, falar e agir que ninguém conhecia. Claro que eu não tinha consciência da mudança social que o rock implicava. Eu achava que os jovens iam dominar o mundo.”

Aluno relapso - Os estudos de Raul Seixas começaram em 1952, onde frequentou o curso primário estudando com a professora Sônia Bahia.10 Concluído o curso em 1956, fundou o Club dos Cigarros com alguns amigos. Mas o trágico percurso escolar de Raul Seixas se iniciaria em 1957 onde repetiu várias vezes a segunda série ginasial, Um dos motivos, no final dos anos 50, era porque matava aulas para ficar ouvindo Rock’n’Roll na loja Cantinho da Música.Apesar de muito inteligente e leitor voraz, rapidamente se cansou da escola decidindo pela profissionalização como músico.

"Eu era um fracasso na escola. A escola não me dizia nada do que eu queria saber. Tudo o que aprendia era nos livros, em casa ou na rua. Repeti cinco vezes a segunda série do ginásio. Nunca aprendi nada na escola. Minto. Aprendi a odiá-la."

Thildo e Raulzito se conheceram em 1959, nos tempos do Colégio Ipiranga. Três anos depois formaram seu primeiro grupo, Os Relâmpagos do Rock, embrião do conjunto Os Panteras. "Lembro-me de Raul matando aula e chegando em minha casa todos os dias, às 7h da manhã. Acordava com ele ao lado da minha cama, com um violão, cantando rocks dos discos importados que ganhava de seus amigos estrangeiros", conta Thildo, enquanto cruzamos a Piedade em direção à Sete de Setembro."

Foi por isso que se tornou-se fã ardoroso de Elvis Presley, fundando aos 14 anos um fã-clube brasileiro do cantor. Engana-se porém quem pensa que Raul renegou a cultura brasileira adotando o rock and roll. O Elvis Rock Club era como uma gangue, que procurava brigas na rua, fazia arruaça, roubava bugigangas e quebrava vidraças. Embora Raul não gostasse muito disso, "ia na onda, pois o rock (pelo menos a meu ver) tinha toda uma maneira de ser".

Ele odiava a bossa nova, mas, como todos sabemos, acrescentou ao seu rock elementos de música nordestina como o baião, xaxado, música brega.

"Sabem porque não gosto de bossa nova?! Porque não consigo tocar aqueles acordes dissonantes..."

Bau dos Raul'S

Fonte: muitoalem2013 / musicombo / wikipedia / rollingstone

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