Constantemente me perguntam se Raul Seixas era ateu, ou até mesmo no que ele acreditava em nível de um poder superior. Portanto, para tentar esclarecer essa dúvida, recorri ao livro O baú do Raul, nas páginas 183 e 184, de onde retirei esse pequeno texto escrito pelo próprio Raul. Espero que sirva como resposta.
DEUS – o que é? E não quem é
Determinação
Energia
Universo
Superior
Ei-lo descrito e traduzido por essa gramática “racionalista” que define tudo em apenas quatro letras.
Poderia também ser:
Desnecessário
Enigmático
Usurpador
Safado?
Eis a minha gramática: Quando a razão afirma que Deus é a causa do mundo, só existe um termo concreto, somente um lado de experiência que é o mundo, enquanto o outro Deus é totalmente suposto. Deus seria então uma afirmação inverificável; uma pura hipótese que pretende explicar os fatos, mas que está impossibilitado de prová-los.
Lembrando as palavras de Laplace: “Deus? Não necessito desta hipótese”. Nós temos direito de procurar a causa no mundo, mas não de inventar uma causa do mundo. É tudo muito fácil: “Por que o mundo existe?” Invoca-se Deus, e pronto!!
Brunschvicg, numa crítica semelhante à de Kant, pergunta: “Mas as exigências do princípio de causalidade não nos levarão a reclamar uma causa para deus? A existência de um criador que não foi criado por nada está caindo em contradição com o princípio em nome do qual dizemos que Deus veio do nada como causa primeira.” Ora, se aceitarmos um Deus sem causa, não podemos aceitar também, e mais simplesmente, um mundo sem causa?
O universo me espanta e não posso imaginar que este relógio exista e não tenha um relojoeiro (Raul filosofando Shakespeare)
Fonte: Bau dos Raul'S com blogliterariopauloseixas.blogspot.com.br
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